Folha-Beta: Produção científica no Brasil
- Clara Laguardia
- 26 de fev. de 2018
- 2 min de leitura
A pesquisa é uma área que está sempre em movimento, se desenvolvendo e buscando novas descobertas. E para que essas novas descobertas possam ser feitas, é preciso um ponto de partida, uma base de dados e experimentos já realizados, que possa fornecer novas ideias e hipóteses. Daí a grande importância de escrever e publicar artigos e aumentar a produção científica de determinada área do conhecimento.
Nesse cenário, temos a ideia de que o Brasil é prejudicado devido aos baixos investimentos e recursos direcionados à ciência. Entretanto, o relatório "Research in Brazil - A report for CAPES ", publicado em Dezembro de 2017, que analisou dados de 2011 à 2016, mostra informações interessantes sobre a pesquisa científica brasileira em um contexto mundial, destacando que o país é o 13° maior produtor de conhecimento científico no mundo.

Figura retirada do relatório: Research in Brazil - A report for CAPES by Clarivate Analytics, p. 8
Analisando o impacto dos artigos, o Brasil se encontra abaixo da média, mas mostra um crescimento de mais de 15% nos últimos anos, tendo algumas produções extremamente relevantes mundialmente. Considerando parcerias, o número de cientistas brasileiros trabalhando em conjunto com pesquisadores estrangeiros é crescente e os artigos frutos dessas parcerias apresentam maior impacto do que os artigos exclusivamente nacionais.
A colaboração de empresas na produção científica brasileira é baixa, sendo a Petrobras SA a única companhia nacional com colaboração significante. Os textos que tratam de meio ambiente, ecologia, psiquiatria, psicologia e matemática se encontram próximos da média de publicação de grandes centros de pesquisa, com alto potencial de tornar o Brasil uma referência mundial.
Porém, de nada adianta ter grande volume de produção se ela for mantida atrás de barreiras, ou seja, é preciso se preocupar também com a facilidade de acesso ao conhecimento produzido. E, novamente, o Brasil se encontra em uma posição de destaque. Segundo uma pesquisa da Science-Metrix , divulgada em Janeiro de 2018, dos artigos brasileiros publicados entre 2008 e 2014, 75% apresenta acesso aberto e gratuito nos dias de hoje, tendo o SciELO uma participação importante na divulgação dessa produção. Com relação aos assuntos com mais publicações abertas, destaca-se a saúde e as ciências naturais, sendo que as principais áreas de estudo são: Medicina; Ciências Agrícolas e Biológicas; Bioquímica, Genética e Biologia Molecular; Física/Astronomia e Química.
Apesar das pesquisas mostrarem uma situação favorável à pesquisa nacional, é importante destacar que a realidade nos laboratórios é um pouco menos animadora. Os grandes avanços e crescimento observados são devido à grande criatividade e determinação dos pesquisadores brasileiros, que se desdobram para trabalhar mesmo com os baixos recursos.
Clara Laguardia
Membro do Centro Acadêmico de Bioquímica na UFV
claranogueira.ln@gmail.com
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